venerdì 23 aprile 2010

giovedì 15 aprile 2010

"- Qual é o espaço mais sóbrio do grande manicômio social? Serão os fóruns?
Ou as redações dos jornais? Ou a tribuna dos políticos? As universidades?
Tentei tapar a bocarra do Boca de Mel, mas não deu tempo. Ele disse:
- Os botecos, chefinho. - Mas corrigiu em seguida: - Brincadeira.
Como não sabíamos a resposta, o homem que seguíamos afirmou:
- São os velórios. São eles os espaços mais lúcidos da sociedade. Neles nos
desarmamos, nos despimos das vaidades, tiramos a maquiagem. Nesse espaço, somos
o que somos. Se assim não for, seremos mais doentes do que imaginamos. Para uma
minoria, composta de íntimos, o velório é uma fonte de desespero. Para uma
maioria, composta dos mais distantes, uma fonte de reflexão. Para ambos, a
verdade é crua: tombamos no silêncio de um túmulo não como doutores,
intelectuais, líderes políticos, celebridades, mas como frágeis mortais."

O vendedor de sonhos - pg 97.
Augusto Cury