giovedì 16 aprile 2009
Tenho lembrança dos tempos que lá se vão
Tem certas coisas que a gente tem e não liga
Só dá valor quando escapar de nossas mãos.
E tão distante está o meu tempo menino
Uma taquara chamava de alazão
Lembro as carreiras que apostava com os maninhos
sugando o vento e correndo com os pés no chão.
(Eu hoje estou aqui mas amanhã não sei
Aonde estarei nem quem vai estar
A me perseguir uma tal de saudade
Pra não chorar de balde tenho que cantar.
Naqueles tempos no lugar onde eu morava
Talvez soubesse meia dúzia de canção
E com aquelas o pessoal se animava
E quem tocava era estimado no rincão.
Minhas lembranças são eternas maravilhas
A vida encilha mas não doma um coração
Quem sabe um dia um piazito nas coxilhas
Será minh'alma tropeando recordação."
mercoledì 8 aprile 2009
IX. A ESPOSA IDEAL
Quem poderá encontrar a mulher forte? Ela vale muito mais do que pérolas. Seu marido confia nela e não deixa de encontrar vantagens. Ela traz para ele a felicidade e não a desgraça, em todos os dias de sua vida. Ela adquire lã e linho, e suas mãos trabalham com prazer. Ela é como navio mercante, que importa de longe a provisão. Ela se levanta ainda quando é noite, para alimentar a família e dar ordens às empregadas. Ela examina um terreno e o compra, e com o ganho do seu trabalho planta uma vinha. Ela se prepara para o trabalho com disposição, e põe em ação a força dos seus braços. Ela sabe dar valor ao seu trabalho, e mesmo de noite sua lâmpada não se apaga. Ela estende a mão ao fuso e com os dedos sustenta a roca, Ela abre as mãos para o pobre e estende o braço para o indigente. Quando cai neve, ela não teme por seus familiares, porque todos eles têm roupa forrada. Ela tece mantas e se veste de linho e púrpura. Seu marido é respeitado no tribunal, quando se assenta entre os juízes do povo. Ela fabrica tecidos para vender, e fornece cinturões para os comerciantes. Ela se veste de força e dignidade, e sorri para o futuro. Ela abre a boca com sabedoria, e sua língua ensina com bondade. Ela supervisiona o andamento da casa, e seu alimento é fruto do seu trabalho. Seus filhos se levantam para cumprimentá-la, e seu marido a elogia: "Muitas mulheres são fortes, mas você superou a todas elas."
lunedì 6 aprile 2009
"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus
amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que
tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que
permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor
tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar,
embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto
são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas
existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles
existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas,
porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto
deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu
saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes,
quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de
como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do
mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela
vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo
pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese,
dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes,
mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a
roda furiosa davida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo,
andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus
amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os."
(Vinícius de Moraes)*