domenica 4 maggio 2008


"Aqui me ponho a cantar 
Ao compasso da guitarra

Que o índio que se desgarra

Nunca mais pode parar
Viver é contrapontear
Na tristeza onde se atola

Sem jamais pedir esmola

Nem carinho, nem perdão,

Pois abrindo o coração

É que o guasca se consola

E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varzedo

Guri criado sem medo

De cobra ou de marimbondo

Eu sei que o mundo é redondo

No seu arrodear sem fim

Índio pobre, e mesmo assim

Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto

Ninguém é dono de mim

(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias

De andar as noites e os dias

Rondando como tropeiro
Talvez por ser guitarrero
Criado sem protovolo

Desde que mamei no colo

Da mama bugra campeira

Trago a alma prisioneira

Das coisas que vêm do solo)


Enquanto houver um paisano

Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra

No lombo de um orelhano

Enquanto houver um pampeano

Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo

Sem galopear, não me apuro

Porque quanto mais escuro
Mais claro é o canto do grilo


E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro

Há tantos nesta invernada

Um 'Deus te salve', mais nada

Quando souberem: morreu

Já podem saber que eu

Que esbanjei tantos carinhos

Ando a campear nos caminhos

O que eu quis ser e não deu."







1 commento:

Samara ha detto...

Minha gaúcha preferida :)
amo vc!

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