"- Bem dizia eu. Agora me alembro; foi em umas corridas no Alegrete, há coisa assim como dois anos a essa parte. O senhor não esteve lá?
- Fui um dos que correram.
- Bem sei; e ganhou aos vencedores. Pois é isso que eu tinha cá na idéia. E querem ver?
Proferindo essas palavras, o Chico Baeta afastou-se do morzelo para melhor examiná-lo.
- Não há dúvida. Foi este o moço?
- É verdade!
- Eh pingo! - exclamou o peão, dando com entusiasmo uma palmada na anca do animal.
Só compreenderá a energia da exclamação do Chico Baeta quem souber que pingo é o epíteto mais terno que o gaúcho dá a seu cavalo. Quando ele diz "meu pingo" é como se dissesse meu amigo do coração, meu amigo leal e generoso.
- Que faísca! Sr. Manuel Canho. Enquanto os outros ginetes, e os havia de fama, levantavam a poama na quadra, cá o morzelinho fez trás, zás, e fuzilou na raia como um corisco.
Canho estava gostando de ouvir o elogio feito a seu animal: o cavalo é uma das fibras mais sensíveis do coração do gaúcho."
Alencar, José de; O Gaúcho; pg 24.
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