lunedì 18 febbraio 2008

"Para Miguel, já não importava mais. Procurou voltar ao rancho velho, o mesmo que há anos atrás lhe trouxera alegrias e tristezas. Entrou no antigo galpão, que cheirava a capim novo, e buscou sua rosilha. Vez e outra ainda castrava um bagual, mas agora, isto não fazia mais parte. Procurou ali, entre antigos pelegos, algo para recostar-se, e esqueceu-se do mundo por um momento. Havia muito tempo, ele não cultivava seus amores. E lembrou-se de quantas vezes os deixara escapar. Levantou-se e encilhou o pingo, que respondia feliz aos afagos do rapaz. Este havia perdido o brilho de lua que tinha nos olhos, entrou na velha casa e encontrou, recostados à velha parede da lareira, sua antiga guaiaca, sua garrucha e seu lenço dobrado. Lembrou-se dos dias do seu passado, quando em dias risonhos, fora amansador. De seus companheiros conhecia apenas as histórias, de cavalos mansos e mancos. Do mundo, conhecia apenas o que queria. Juntou todas as coisas e saiu, montou na rosilha que agora a chamava Morena, e disse um adeus ligeiro, doloroso. Transformaria tudo em poema, algum dia. Seguiu sua estrada d'espacito, antes do primeiro olhar do sol, porque tinha muito a andar e não sabia onde chegar. Entendia em Morena que a vida é passageira, e seus olhos agora lhe diziam o que fazer. Procurou lembrar-se de Sinhá Anita, que deixara no Alegrete. Por certo já estava casada, fazia tanto tempo. Deixou as lembranças. Disse adeus. Dali para frente as rédeas eram dele e de Morena, e levava consigo a certeza de esquecer o passado. [...]"

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